terça-feira, 31 de agosto de 2010

O tal do Edson e um certo Ferenc



Um tema que pode gerar uma discussão de horas, dias, meses, anos... Quem foi o maior jogador da história do futebol?
Talvez seja impossível afirmar, mas o que é certo é que dois nomes figurarão na cabeça dos entendidos de futebol mais do que os outros: Pelé e Puskas.
A melhor forma de avaliarmos isso talvez seria comparando o histórico dos futebolistas, mas até nisso surge um grande impasse que aumenta ainda mais a dúvida:





1- Pelé leva o apelido de “Rei do futebol” com todos os méritos. A maior estrela da história do Santos e da seleção brasileira era um jogador completo: Chutava com as duas pernas, tinha um excelente passe, uma ótima cabeçada e uma percepção de jogo incomparável. Vejamos os números:

Jogos: 1375.

Gols: 1284.

Títulos:
Pelo Santos:
- Taça Brasil (5);
- Paulista (10);
- Robertão (1);
- Rio/São Paulo (4);
- Libertadores (2);
- Recopa Sul-americana (1);
- Intercontinental (2);
- Recopa intercontinental (1).

Pelo Cosmos:
- Liga Norte-americana (1).

Pela Seleção:
- Copa do Mundo (3).





2- No início dos anos 50, um certo magiar com a patente de Major encantou o mundo. Pequeno, gordinho e mágico, o “Major Galopante” tinha o chute mais preciso que o futebol já presenciou. Líder da maravilhosa Hungria de 54, Puskas não chegou a ganhar uma Copa do Mundo. Não ganhou, mas não foi por falta de futebol. Após a derrota na final de 54, Puskas foi proibido de voltar à Hungria e não mais atuou pela seleção de seu país. Foi brilhar em terras espanholas... No Real Madrid de Franco.

Jogos: 1300.

Gols: 1176.

Títulos:
Pelo Honvéd:
- Campeonato Húngaro (4).

Pelo Real Madrid:
- Campeonato Espanhol (5);
- Copa do Generalíssimo (1);
- Liga dos Campeões (3);
- Intercontinental (1).

Pela Hungria:
- Olimpíadas (1);
- Vice-campeonato da Copa do Mundo (1).


* Importante: Em carta ao governo húngaro enviada em 2006(na ocasião da morte de Puskas), Pelé reconhece que o magiar foi o melhor jogador da história.
Talvez seja mera cordialidade... Talvez não...

É papo pra muita cerveja.

- Garçom, por favor... Traga aquela “mofada”...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O bloqueio da razão



Talvez olhar para o céu, as estrelas e a Lua seja a forma mais simples de perceber o quão infinitesimal é ser humano. Mas o que é mais interessante nesse processo é que Lua e estrelas se movem enquanto olhamos para elas. Se movem e nos mostram que mesmo com toda a diferença infinita entre as mesmas e nós, são mutáveis, se alteram e têm fim, mostrando a sua própria instabilidade e absoluta insignificância.

Nos acostumamos a pensar que o ser humano é o centro de todas as coisas. Se uma música é feita, por mais que o artista tenha o objetivo de querer expressar ali algo sobre a natureza, atrelamos a mesma à alguma necessidade e a utilizamos com o simples objetivo de satisfazer nossos gostos (sempre inquestionáveis).

Não estamos habituados a valorizar as coisas se elas não podem nos oferecer alguma praticidade, ou se não podemos usá-las como um meio para atingir um objetivo. A razão voltada para o objeto tornou-se insignificante.

ACORDEM, BUTEQUEIROS...

Astor Piazzolla compôs “Adiós Noniño” querendo dizer algo sobre o seu falecido pai e não para fazer um tango em que dançássemos de forma mais emotiva. Escher representava em suas figuras construções impossíveis e a exploração do infinito. Não tinha como objetivo nos deixar perplexos.
As duas citadas acima são expressões artísticas sobre o concreto e o imaginável... São formas de dizer algo sobre o mundo.
Mais um exemplo: A ciência, muitas vezes vista como um simples objeto da técnica para atingir os objetivos de conforto e praticidade na vida do homem é, na verdade, uma expressão do raciocínio humano para tentar dizer como é o funcionamento da natureza.

O mundo não gira em torno das nossas cadeiras. É mais fácil que gire em torno dos nossos copos.

Adorno, Marcuse, Habermas e Horkheimer atentaram para isso que assola e limita o raciocínio do homem a meios que apenas geram inquestionáveis fins e escravizam nosso senso crítico e nossos questionamentos básicos...

...Tendo cedido em sua autonomia, a razão tornou-se um instrumento. No aspecto formalista da razão subjetiva, sublinhada pelo positivismo, enfatiza-se a sua não-referência a um conteúdo objetivo; em seu aspecto instrumental, sublinhado pelo pragmatismo, enfatiza-se a sua submissão a conteúdos heterônomos. A razão tornou-se algo inteiramente aproveitado no processo social. Seu valor operacional, seu papel de domínio dos homens e da natureza tornou-se o único critério para avaliá-la... (Horkheimer, Eclipse da Razão)

É... parece que os estudiosos de Frankfurt tinham mesmo razão o falar da ‘R’azão.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A estranha mania de ter fé na vida




“Vamos trabalhar sem fazer alarde, pra pisar com força o chão da cidade...”.

A frase acima foi “gritada” por João Nogueira em um dos seus maiores sambas: Canto do Trabalhador.


Trabalho, bar e música? Em que se assemelham?
A sociedade se move com o trabalho. Sob a égide e domínio de homens que vivem para pensar e governar e sobre os braços dos que arregaçam as mangas.

E esses que arregaçam as mangas... Esses trabalham!!!
Mas trabalham com que objetivo? Por que do tamanho esforço e desgaste?
Seria para apenas degustar de algumas horas de prazer com os amigos (os físicos e o álcool) aos finais de semana, ou almejando algo melhor?


Alguns “caras” por aqui falaram bem sobre o trabalhador:

Gonzanguinha em "Comportamento Geral":

... Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado.
Pra ganhar um Fuscão no juízo final e diploma de bem comportado...




Chico em "Vai trabalhar, vagabundo":

... Passa o domingo em familia.
Segunda-feira beleza.
Embarca com alegria na correnteza ...




Cálix em "Homens Pedra":

... Corram, homens, não há tempo a perder.
Homens-pedra vão e vem no vagão ...




Fundo de Quintal em "Meu nome é trabalho":

... Já fui pedreiro, carpinteiro, motorneiro e até motorista
Já fui copeiro, fui caseiro, jornaleiro e até jornalista ...



Agora, de tronco para circo...

...Em torno de um copo a gente inventa um mundo melhor...

... E falando em copo, UM ABRAÇO PARA O GARÇOM... O trabalhador mais importante do Mundo... Aquele que nos recebe com um sorriso no rosto e 500 anos nas costas...



No mais, é por aí...
É importante acreditar na rapaziada... Aquela que não foge da fera e enfrenta o leão.
É importante não deixar morrer nunca a estranha mania de ter fé na vida.